PILARES DO BLÁ-BLÁ-BLÁ

A arte da comunicação utiliza artifícios que até Deus duvida. São frases construídas e repetidas tantas vezes que se corre o risco de não percebê-las ao longo de uma conversa. Também podem ser tão insistentes e pernósticas que ferem nossos ouvidos e detonam a nossa paciência.

Vamos começar com a campeã: a famosa ”veja bem”. Quando ela é usada, pressupõe-se que o ouvinte seja um débil mental e que o enunciado a seguir irá esclarecer todas as dúvidas e que enfim achamos o fim do túnel!

Acontece que, invariavelmente, essa “revelação” não traz nenhuma novidade, nem resolve problema algum. Vai ser apenas mais uma balela, um “encher lingüiça” ou, na melhor das hipóteses, apenas a repetição do que já foi dito.

“Por outro lado” geralmente vem em seguida. Possivelmente, o que se pretende é dar uma continuidade ao assunto, sem melhorar coisa alguma, sem trazer nada de novo, mas…  ganha-se tempo.

“Na verdade” e a sua irmã gêmea “a bem da verdade”, também é uma frase que cai bem para dar início a uma nova versão dos fatos. Não acrescenta nada, mas dá um ar de veracidade, cria-se um clima que parece ser mais confiável.

Para finalizar, e acabar com a conversa, temos o “você está me entendendo?”. Essa frase fecha com chave de ouro pois o interlocutor não consegue argumentar mais nada, por educação e respeito ao colega, é claro…

Não pensem que esses pilares são exclusividade brasileira. No mundo todo a sigla ERM – Embromation Relationship Management – é muito conhecida e praticada.

Estamos em época de fim de ano, fazendo nossos votos e desejos para o próximo ano. Assim sendo, quero deixar aqui meu propósito: vou fazer o maior esforço para evitar os “veja bem”, “por outro lado”, “a bem da verdade”, e “você está me entendendo?”.

O Fernando Sarmento, que é colaborador nesse texto, também aderiu. Nós acreditamos que, no mínimo, vamos economizar o tempo das pessoas que estejam nos ouvindo.

Fique à vontade para também aproveitar essa coletânea dos 4 pilares do blá-blá-blá. Se quiser acrescentar alguma outra pérola do seu conhecimento, envie para mim sem mais delongas. E não me venha com “churumelas”, nem “balango de beiço”.

Carlos Perches